Como parte da programação do Mês Missionário Extraordinário, celebrado pela Igreja em outubro, a Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Missionária e Cooperação Intereclesial da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) promoveu, na tarde da terça-feira, 23, uma atividade cujo título foi: “Testemunhos Missionários”.
Duas religiosas foram convidadas para apresentar aos colaboradores da CNBB as experiências missionárias que viveram em países como Sudão do Sul e Moçambique, na África, no Haiti e no Brasil. Dom Odelir José Magri, presidente da Comissão Missionária da CNBB, presente para uma reunião em Brasília, fez abertura da atividade dizendo tratar-se de uma feliz coincidência o fato de estar na CNBB no momento em que a atividade se realiza.
O bispo disse desejar que eventos como este não sejam apenas episódicos na Igreja. “Que o espírito missionário nos acompanhe ao longo do próximo ano”, disse. Dom Odelir reforçou as palavras do Papa Francisco: “Minha vida é missão, nossa vida é missão, tua vida é missão”, animando os participantes. Ao anunciar a primeira experiência, o padre Daniel Rocchetti, assessor da Comissão para a Ação Missionária, disse: “Que estes testemunhos missionários, como o exemplo de Maria, a Estrela da Evangelização, possam animar a nossa vida missionária”, disse.
O primeiro testemunho missionário foi feito pela irmã Sandra Regina Amado, religiosa missionária Comboniana, que atua na CNBB como assessora da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial.
Ela falou da sua atuação como missionária na África, especificamente em Eritrea e Sudão do Sul. Em um contexto de guerra por quase 50 anos para conseguir a independência do Sudão, o Sudão do Sul tornou-se independente em 2011, embora ainda hoje o país passe por uma série de conflitos. Irmã Sandra chegou no país em 2007 para integrar a equipe das Irmãs Combonianas e trabalhar na escola Comboni.
Por lá ela integrou um grupo de missionários que tinha como objetivo colaborar com a igreja local na evangelização. A tarefa principal desenvolvida por eles era dedicar-se à educação desde o jardim de infância até à universidade, preparando profissionais em diversos ramos.
Irmã Sandra contou aos colaboradores da CNBB sobre a sua tarefa que era a de atuar na formação de professores, por meio do projeto Solidarity, em Yambio. Basicamente ela ensinava jovens e adultos a falar inglês. “A missão foi para mim uma experiência de crescimento em Jesus na amizade e com o povo Sul Sudanês”, disse.
O segundo testemunho missionário foi feito pela irmã Eliane Rodrigues de Souza, das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus e que, atualmente, coordena o Setor de Acolhida na CNBB. Seu despertar para a missão se deu com a vontade de quebrar barreiras e preconceitos. Isso porque quando jovem, irmã Eliane tinha um vizinho que era negro e sua família não permitia que ela falasse com ele. Indignada com isso, fez questão de provar ao garoto e à família que apesar do tom diferenciado da pele, ambos eram iguais.
Desde então, tinha percebido que sua vocação era “estar no mundo para ajudar alguém”: “Eu achava muito pouco uma vida onde somente eu ia me dedicar a uma pessoa, isso para mim era muito pequeno”, disse.
Anos mais tarde, irmã Eliane partiu para a República do Congo, em Brazzaville, para também atuar em uma escola. Conhecendo a realidade, lá se deparou com uma série de dificuldades locais, inclusive a de abuso sexual enfrentada por religiosas. Ela também passou pelo Haiti, para ajudar as crianças. Finalizando o seu testemunho disse que ser missionária é “fazer”, é “estar junto”.
Fonte: CNBB