No próximo dia 15 de fevereiro, a diocese de Bom Jesus da Lapa (BA), passa a contar com mais um sacerdote. A ordenação presbiteral de Vanúcio Hebert Lacerda de Moura, de 33 anos, será na paróquia São Sebastião de Cocos, no município de Cocos (BA), sua paróquia de origem. Vanúcio é segundo filho de Cocos em 43 anos a ser ordenado sacerdote, o primeiro foi o arcebispo de Belo Horizonte (MG) e atual presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, dom Walmor Oliveira de Azevedo, ordenado sacerdote em setembro de 1977.
Essa ordenação só será possível porque Vanúcio e a diocese receberam apoio financeiro do projeto “Comunhão e Partilha”, desenvolvido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) desde 2012. O projeto, por meio da colaboração de dioceses que contam com mais recursos, ajuda na formação de seminaristas da filosofia e teologia de dioceses e prelazias mais pobres do Brasil.
“Sou de uma diocese pobre, de uma região bastante simples, do extremo oeste do Estado da Bahia. Graças ao projeto Comunhão e Partilha, a minha diocese pôde manter o nosso processo de formação presbiteral. O projeto é fundamental para nós, principalmente aquelas igrejas particulares onde as arrecadações não são suficientes para manter os estudos dos seminaristas”, destaca o diácono.
Vanúcio conta que o chamado de Deus para ser padre aconteceu aos doze anos de idade, na sua missa de Primeira Comunhão. Sonho que ele só realizou mais tarde com o ingresso no Seminário aos 25 anos de idade, depois de ter se formado bacharel em Farmácia, em 2008. O curso de farmacêutico, segundo ele, foi para para atender os anseios da família. “Depois de atuar por cerca de 4 anos na área farmacêutica, resolvi atender ao chamado de Deus em seguir o caminho formativo ao sacerdócio”.
A diocese vai ordenar um outro sacerdote, o diácono Leonardo de Souza Paulo Oliveira, ainda em data a ser marcada. Os dois seminaristas foram ordenados diáconos no dia 30 de agosto de 2019, na Catedral Nossa Senhora do Carmo e receberam o diaconato pela imposição das mãos e oração consecratória do bispo de Bom Jesus da Lapa, dom João Santos Cardoso.
“Agradeço a Deus por esta providência na vida daqueles que respondem ao chamado e por inspirar nossos bispos a elaborarem um projeto importantíssimo como esse em que dioceses com capacidade de arrecadação ajudam outras que não possuem condições financeiras para formar seus presbíteros”, disse.
A história de Vanúcio foi destacada durante a última reunião da Comissão Episcopal para a Comunhão e Partilha da CNBB, nesta terça-feira, 4 de fevereiro, na sede da conferência em Brasília(DF). Os bispos e os membros da comissão estavam reunidos para avaliar novos pedidos de apoio financeiro para a formação e manutenção de seminaristas da filosofia e teologia em diversas dioceses e prelazias mais necessitadas no Brasil.
Este ano, a comissão estima atender o pedido de 48 dioceses, o que vai permitir a formação de quase 500 seminaristas. O bispo de São José dos Campos (SP) e presidente da Comissão Episcopal para a Comunhão e Partilha da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom José Valmor Cesar Teixeira, explica que o número de dioceses atendidas deve ser o mesmo do ano passado.
“Vamos manter os atendimentos do ano passado porque os recursos mais ou menos se mantiveram os mesmos. Então, nós temos como orientação fazer o reajuste daquilo que nós recebemos de um ano para o outro”, disse.
Em 2019, foram beneficiados mais de 400 seminaristas de 49 dioceses e prelazias. O projeto não financia a formação de seminaristas menores e do propedêutico. Dom Cesar ressalta que o projeto tem crescido e feito a diferença em favor das vocações presbiterais na Igreja do Brasil.
“O que nos alegra muito é o número de seminaristas nas dioceses mais necessitadas do Brasil. Isso é uma graça, é uma benção e o resultado muito claro desse nosso projeto que é de todos os bispos do Brasil”, ressaltou.
O projeto “Comunhão e Partilha”, que foi criado em 2012 na 50ª Assembleia Geralda CNBB, como uma resposta concreta do episcopado brasileiro às celebrações dos 50 anos do Concílio Vaticano II, é financiado com as contribuições de 1% da renda ordinária das dioceses com melhores condições financeiras. Proposto por cinco anos o projeto teve seu prazo estendido por mais cinco em votação unânime pelos bispos na 55ª AG em 2017.
As dioceses que recebem a ajuda são divididas em três grupos: A, B e C. O grupo A reúne as dioceses que possuem renda de R$ 10 mil reais. Estas recebem dois salários mínimos por seminarista. Já o grupo B agrupa as dioceses que conta com renda mensal de até R$ 20 mil reais; e o grupo C é formado pelas dioceses com renda de até 30 mil reais.
Dioceses beneficiadas pelo projeto “Comunhão e Partilha”
Ano Dioceses Seminaristas
2012 36 110
2013/2014 44 264
*2015 48 333
2016 52 403
2017 48 393
2018 49 431
2019 47 447
*2015 é uma média pois o projeto não tem os dados atualizados.
Fonte: CNBB