Ipatinga, 30 de novembro de 2024

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Paulo VI na América Latina, a viagem da caridade


Há 52 anos, de 22 a 25 de agosto de 1968, Paulo VI foi o primeiro Papa a chegar à América Latina. Foi acolhido em Bogotá e as suas palavras em favor da caridade e da justiça e seus gestos de proximidade, especialmente com os “campesinos”, tornaram sua viagem histórica


Alessandro De Carolis – Vatican News


Foram suficientes três dias para transformar o formal Pontífice da chegada no Papa Paulo mais afetuoso da despedida. As manchetes e os artigos de jornal da época mostraram a parábola da proximidade de Paulo VI com os colombianos. A figura austera do grande Papa do Concílio, que atravessou por primeiro o Atlântico para chegar à América Latina, já no gesto do beijo dado no chão em Bogotá, tornou-se tão familiar quanto a de um velho amigo. A partir de então, seriam três dias de multidão ininterrupta: somente na estrada entre o aeroporto e a catedral na Praça Bolívar havia dois milhões de pessoas. Foi manifestado grande entusiasmo e gratidão por aquele homem que trazia consigo, com grande humildade, a mensagem evangélica de paz ao continente refém das ditaduras militares.


Paulo VI em Bogotá

O intenso programa, de apenas 72 horas, incluiu cerca de vinte compromissos. Nem todos acompanhados de longos discursos, mas alguns eram muito aguardados, considerando os interlocutores. Porque Paulo VI encontraria os “grandes” da sociedade, mas também os pequenos, os camponeses. E suas palavras foram poderosas, com a habitual elegância da linguagem nunca à custa da clareza. Por exemplo, quando se dirigiu, “aos homens das classes dominantes”, a oligarquia da riqueza, pede explicitamente que se destaquem “da natureza estática de sua posição, que pode ser ou parecer privilegiada, para se colocarem ao serviço daqueles que precisam de sua riqueza”.


Paulo VI em Bogotá

Com os camponeses, durante a histórica missa celebrada com a presença de 300 mil deles, Paulo VI pronunciou uma obra-prima de solidariedade que emocionou a todos. Porque nunca os “siervos” da terra tinham ouvido estas palavras pronunciadas por um Papa diretamente para eles:



“Conhecemos as condições de suas existências: para muitos de vocês são condições miseráveis, muitas vezes inferiores à necessidade normal da vida humana. Agora vocês nos escutam em silêncio: mas nós escutamos o grito que surge de seus sofrimentos e os da maioria da humanidade”



Paulo VI em Bogotá

Em três dias, o Papa Paulo VI deixou uma marca que seria válida por anos. Inaugurou o Congresso Eucarístico Internacional e, principalmente, a Segunda Assembleia Geral dos Bispos da América Latina. E para os pastores do continente, onde os ventos das manifestações de 1968 eram diferentes dos da Europa mas sopravam cheios de tensão, Paulo VI indicou a trajetória da caridade sem desvios. “Nós”, disse-lhes, “repetimos mais uma vez a este respeito: não ao ódio, não à violência, estas são a força de nossa caridade. Entre os diferentes caminhos para uma regeneração social justa, não podemos escolher nem o do marxismo ateísta, nem o da revolta sistemática, nem mesmo o do sangue e da anarquia”.



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