Ipatinga, 23 de novembro de 2024

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O Papa aos religiosos: não descartem, mas acolham, abracem a todos


Francisco recebe em audiência os participantes dos capítulos gerais de quatro congregações e recorda a importância de “manter o rosto dos pobres constantemente diante dos olhos e estar vigilantes para que em suas assembleias, o impulso da gratuidade e do amor desinteressado, esteja sempre vivo e pulsante”.


O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta segunda-feira (12/08), no Vaticano, os participantes dos Capítulos Gerais das Irmãs Missionárias Dominicanas de São Sisto, das Irmãs da Sociedade do Sagrado Coração de Jesus, das Irmãs da Apresentação de Maria e dos sacerdotes da Sociedade das Divinas Vocações, comumente conhecidos como Padres Vocacionistas.


Ouça e compartilhe


Depois de saudar os superiores e superioras das congregações presentes na Sala Clementina, o Pontífice disse que o Capítulo, é “um momento para escutar o Espírito Santo, para continuar a fazer florescer hoje as inspirações carismáticas dadas um dia aos seus fundadores e fundadoras”.


A seguir, Francisco refletiu sobre três aspectos, três dimensões existenciais e apostólicas da vida religiosa: discernimento, formação e caridade.


O discernimento faz parte da vida


“O discernimento faz parte da vida, tanto nos momentos solenes das grandes escolhas quanto nos momentos cotidianos das pequenas decisões. Ele está ligado ao fato de sermos livres e, portanto, expressa e realiza, dia após dia, a vocação humana comum e a identidade particular e única de cada um de nós”, disse o Papa. Segundo o Pontífice, “é um trabalho fadigoso, de ouvir o Senhor, a si mesmo e aos outros; é também um tempo fadigoso de oração, de meditação, de espera paciente e, depois, de coragem e sacrifício, para tornar concreto e operacional o que Deus, sem nunca impor Sua vontade sobre nós, sugere ao nosso coração. Ao mesmo tempo, porém, é também uma grande experiência de felicidade, porque «tomar uma boa decisão, uma decisão acertada» dá alegria”. “E o nosso mundo tem uma grande necessidade de redescobrir o gosto e a beleza de decidir, especialmente no que diz respeito às escolhas definitivas, que determinam uma virada decisiva na vida, como a escolha vocacional”, disse ainda o Papa, acrescentando:


É preciso, portanto, de pais e mães que ajudem, especialmente os jovens, a compreender que ser livre não significa permanecer eternamente numa encruzilhada, fazendo pequenas “escapadas” para a direita o para a esquerda, sem nunca tomar um caminho. Ser livre significa apostar – apostar! – no caminho, com inteligência e prudência, claro, mas também com audácia e espírito de renúncia, para crescer e progredir na dinâmica do dom, e ser feliz, amando segundo o projeto de Deus.


Assiduidade na oração


A seguir, o Papa refletiu sobre o segundo aspecto: a formação. Segundo Francisco, “a vida religiosa é um percurso de crescimento na santidade que abraça toda a existência e no qual o Senhor molda constantemente o coração daqueles que escolheu”. Nesse sentido, Francisco recomendou a todos a assiduidade na oração, mas aquela oração que é uma relação com o Senhor, pessoal, que escuta, que espera; a oração comunitária e também pessoal, e também a vida sacramental, e a adoração. “Hoje, perdemos o sentido da adoração, devemos recuperá-lo”, frisou.


De fato, somente quem humildemente e constantemente se reconhece “em formação” pode esperar ser um bom “formador” ou “formadora” para os outros, e a educação, em qualquer nível, é sempre, antes de tudo, compartilhar percursos e comunicar experiências, naquela alegre busca pela verdade, “que deixa o coração de todo homem inquieto até que encontre, habite e compartilhe a Luz de Deus com todos”.


“Também neste sentido”, disse ainda o Papa, “a sua missão é, hoje, decididamente profética, num contexto social e cultural marcado pela circulação vertiginosa e contínua de informações, mas, por outro lado, dramaticamente pobre nas relações humanas. Há uma necessidade urgente no nosso tempo de educadores que saibam tornar-se com amor companheiros e companheiras de viagem das pessoas que lhes são confiadas”.


Manter o rosto dos pobres constantemente diante dos olhos


Por fim, o último aspecto: a caridade. “Todas as suas quatro fundações foram criadas para apoiar e educar jovens carentes que, sem a ajuda necessária, não teriam acesso a uma educação adequada para seu futuro, e nem mesmo responder à sua vocação. Santa Madalena Sofia Barat, São Justino Maria Russolillo, a Venerável Maria Antonia Lalia e Madre Caterina Molinari viram neles um sinal de Deus para a sua missão”.


Da mesma forma, será bom para vocês também, especialmente nestes dias de discernimento comunitário, manter o rosto dos pobres constantemente diante dos olhos e estar vigilantes para que em suas assembleias, o impulso da gratuidade e do amor desinteressado, graças ao qual a presença de vocês na Igreja começou, esteja sempre vivo e pulsante.


Por fim, o Papa disse: “Por favor, não descartem as pessoas, não selecionem as pessoas com critérios mundanos: quão importantes elas são, quanto dinheiro elas têm… esses critérios mundanos estão fora. Não descartem, mas acolham, abracem a todos, amem a todos. Esta cultura que vem do individualismo e da fragmentação, infelizmente domina nossos tempos”.


Mariangela Jaguraba – Vatican News



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