Ipatinga, 25 de novembro de 2024

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Fiéis participam da 1ª Romaria da Arquidiocese de Belo Horizonte pela Ecologia Integral


Nem mesmo a chuva foi capaz de desanimar os fiéis da Arquidiocese de Belo Horizonte e de comunidades de fé das várias regiões do país, que participaram neste sábado, 25 de janeiro, da Primeira Romaria da Arquidiocese de Belo Horizonte pela Ecologia Integral a Brumadinho.


Logo no inicio da manhã, os romeiros se uniram aos familiares das 272 vītimas e dos 11 desaparecidos do rompimento da barragem de rejeitos de minério em momento de partilha e oração. Em seguida, conduzidos pelo bispo auxiliar dom Vicente Ferreira, seguiram em caminhada.


O bispo auxiliar de Belo Horizonte (MG) e membro da Comissão Especial para a Ecologia Integral e Mineração da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Vicente Pereira firmou que as ações em defesa de uma Ecologia Integral devem ser contínuas e fazer parte do compromisso de todo cristão. “Jesus disse: eu vim para que todos tenham vida e a vida humana não deve ser desassociada do cuidado com a natureza”. O bispo destacou a mensagem enviada pelo Papa Francisco ao povo de Brumadinho, deixando claro que não se trata de um problema local, mas que diz respeito à toda humanidade.



Momento em homagem às 272 vítimas.

Fotos: Arquidiocese

de Belo Horizonte e padre Dário Giulliano



Em silêncio, os fiéis retornaram ao letreiro que fica entrada da cidade e se encontraram com familiares das vitimas em um momento de grande emoção, em que foram lidos todos os nomes das pessoas que perderam a vida nessa tragédia.


Os profissionais que ainda trabalham na localização dos corpos, foram homenageados . Às 12h28, na mesma hora em que a barragem se rompeu, há um ano, centenas de balões vermelhos e brancos coloriram o céu de Brumadinho.


Integrantes de comunidades indígenas afetadas pela lama da barragem, que até hoje polui o Rio Paraopeba, se uniram em momento de espiritualidade, às 15h.


O arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo levou seu apoio às famílias das vítimas, participando junto com o povo de Brumadinho da Missa presidida, no fim da tarde, pelo bispo auxiliar para a Região Episcopal Nossa Senhora do Rosário (Renser), dom Vicente Ferreira.


O bispo de Caxias (MA) e presidente da Comissão Especial para Ecologia Integral e Mineração da CNBB, dom Sebastião Lima Duarte, também participou da Romaria e concelebrou a missa.


Na oração após a comunhão, dom Walmor falou da importância de estar concluindo esta primeira Romaria pela Ecologia Integral no Centro de Formação da diocese. “Aqui é um lugar-escola, escola do Evangelho, de escuta e aprendizagem sobre a Ecologia Integral”, disse.  Para o presidente da CNBB, falar da Ecologia Integral não é tão difícil. O desafio, segundo ele, é viver algo que exige  conversão de todos nós e do nosso modo de vida.



Dom Walmor na missa em memória

das vítimas de Brumadinho.

Foto: Comunicação Arquidiocese

de Belo Horizonte.



Dom Walmor lembrou uma frase que ecoou no dia em que se celebra 1 ano de Brumadinho e a memória da conversão de São Paulo, as palavras proferidas por Jesus: “Ide ao mundo inteiro e pregai o Evangelho a toda a criatura”. É por isto que estamos aqui, disse o arcebispo, pelo compromisso de pregar o evangelho. “A nossa maior e mais honrosa tarefa é pregar o Evangelho, não apenas com palavras mas com força profética”, afirmou.


A “tragédia-crime” de Brumadinho, segundo Walmor, desafia a todos profundamente. “Desafia a aprendizagem de quem exerce o poder a uma nova compreensão e a ter coragem de propor ações que possam transformar a realidade”.


O presidente da CNBB agradeceu aos representantes do Ministério Público Federal, presentes à romaria, apontando a necessidade de que as instituições se renovem, incluindo a Igreja, “com uma nova clarividência para termos coragem de não apenas dizer que é preciso mudar mas encontrar os caminhos necessários”.


O religioso destacou os esforços que a CNBB está realizando com a criação da Comissão Especial para a Ecologia Integral e Mineração e lembrou que é um trabalho que não pode ser paliativo e que exigirá ações de longo prazo. Apos pedir silêncio em homenagem às vítimas, 272 mortos e 11 desaparecidos, dom Walmor lamentou que após um ano do acidente ainda não se tenha feito tudo que precisa ser feito. Para os que pecam, dom Walmor afirmou ser necessário o perdão, mas para quem cometeu o crime ele disse ser necessário a pena.


Após a fala de dom Walmor, foi exibido o vídeo com a oração do Papa Francisco, enviado especialmente aos participantes da Romaria e aos familiares das vítimas da tragédia.



O que é Ecologia Integral?


O termo ‘ecologia integral’ não define apenas ecologia com meio-ambiente, florestas e temas óbvios associados a ela. Mas as consequências do modelo econômico que levaram o planeta ao estágio de degradação social e ambiental da atualidade.


O conceito de ecologia integral tem sido muito citado na atualidade e é nos proposto pelo Papa Francisco em sua Encíclica “Laudato Si – Louvado Seja – sobre o cuidado com a Nossa Casa Comum, a irmã e Mãe Terra”. Na encíclica, o Papa propõe uma reflexão sobre a relação profunda existente entre todas as criaturas do nosso planeta.


“Proponho que nos detenhamos agora a refletir sobre os diferentes elementos duma ecologia integral, que inclua claramente as dimensões humanas e sociais”. (Laudato Si, 137)


Papa Francisco ressalta que ‘tudo está interligado’: a natureza e a sociedade que a habita. O Pontífice define o termo ecologia com um significado mais profundo de meio ambiente, verde, e desenvolve o termo “ecologia integral”, dando um sentido mais amplo compreendendo as dimensões humanas e sociais.


A ecologia integral nos propõe uma nova maneira de entender a relação entre todas as criaturas do nosso planeta na dimensão ambiental, econômico, social, cultural e vida quotidiana.


Com informações e fotos da Arquidiocese de Belo Horizonte (MG)


Fonte: CNBB



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