A Conferência Episcopal Italiana (CEI) irá apoiar 10 unidades da Associação de Assistência aos Condenados (APAC) em Minas Gerais na prevenção ao novo coronavírus. O projeto aprovado foi apresentado pela Associação de Voluntários para o Serviço Internacional (AVSI Brasil), que salientou em sua proposta a presença do método das APACs entre as iniciativas divulgadas durante a Campanha da Fraternidade 2020 com a exposição “Do amor ninguém foge”, realizada na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em fevereiro.
Cerca de 800 mil reais serão investidos no fortalecimento de enfermarias das unidades da APAC em Araxá, Campo Belo, Conselheiro Lafaiete, Frutal, Januária, Lagoa da Prata, Manhuaçu, Nova Lima, Passos e Santa Luzia. Serão adquiridos equipamentos de proteção individual e desinfetantes, como óculos, botas, álcool em gel, luvas; equipamentos para produção de máscaras protetivas e equipamentos para prevenção e diagnóstico, como termômetros e oxímetros de pulso.
Mesmo a Itália sendo um dos epicentros da pandemia, nos últimos meses, a Conferência Episcopal Italiana buscou responder ao apelo do Papa Francisco durante a bênção Urbi et Orbi, em 27 de março, para “olhar a pandemia como uma coisa só”.
De acordo com a CEI, 541 projetos foram financiados em 65 países em todo o mundo a partir de duas diretrizes prioritárias: “Primeiro, equipar as estruturas de saúde dos países mais pobres com equipamentos de proteção e com ferramentas terapêuticas básicas para lidar com a pandemia. Em segundo lugar, apoiar as realidades locais na conscientização da população sobre comportamentos que não incentivam o contágio, além de treinar e preparar o pessoal da saúde de um ponto de vista técnico, a fim de impedir a propagação da pandemia”.
“Levando em consideração a problemática ligada à impossibilidade do isolamento social dentro dos cárceres, a necessidade de fortalecer as enfermarias das APACs com esses equipamentos, a gente apresentou uma iniciativa para fortalecer as enfermarias de 10 APACs em Minas Gerais”, partilhou o vice-presidente e diretor territorial da AVSI Brasil, Jacopo Sabatiello.
No projeto, sinalizaram o exemplo das APACs como projetos visibilizados pela Campanha da Fraternidade 2020 promovida CNBB, cujo tema foi “Fraternidade e vida: dom e compromisso”, e partilharam matéria do site da CNBB sobre a exposição realizada em Brasília.
Sede da CNBB abriga, até 13 de março, a exposição fotográfica “Do Amor Ninguém Foge”
“Nós entendemos que a problemática dos cárceres, a necessidade de reduzir os contágios, sobretudo em um país como o Brasil, com as problemáticas que ele tem em termos de vulnerabilidade, juntamente com o fato de ter um projeto que já é apoiado pela arquidiocese de Belo Horizonte (MG) e que foi abraçado pela CNBB, isso contribuiu para que o projeto fosse aprovado”, disse Sabatiello.
A AVSI Brasil também vê na iniciativa uma forma de promover e sensibilizar a população sobre as problemáticas de impossibilidade de isolamento social dos privados de liberdade e da impossibilidade da justiça criminal e das políticas penitenciárias promoverem “um verdadeiro respeito aos direitos humanos dos condenados à pena privativa da liberdade”.
Presente no Brasil desde os anos 80, a Fundação AVSI estimulou a criação da organização brasileira em 2007, voltada para “contribuir na melhoria das condições de vida de pessoas que vivem em situações de vulnerabilidade”.
A AVSI Brasil é uma organização sem fins lucrativos que executa projetos sociais de desenvolvimento humano em nove estados brasileiros e no Distrito Federal. Com a APAC, tem parceria operativa metodológica desde 2016.
Após sediar a exposição organizada pela associação em sua sede, a CNBB também desenvolve projeto em parceria com a entidade. Uma ação integrada também pelo Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH) e financiada pelo Departamento de População, Refugiados e Migração (PRM) do Governo dos Estados Unidos, vai garantir a instalação de um centro de acolhida para migrantes e refugiados venezuelanos em Brasília (DF).
Fonte: CNBB