A pandemia da Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, continua acelerando no mundo, com um milhão de casos registrados em apenas oito dias, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O mundo também teve um recorde de novas infecções diárias no domingo (21): foram 183 mil novos casos. O maior número de infecções relatadas veio do Brasil. Com 654 novos registros de mortes, o Brasil totalizou mais de 50 mil óbitos por Covid-19, informou o Ministério da Saúde. Os casos confirmados da doença saltaram de 1.085.038 para 1.106.470.
Para falar sobre o aumento significativo, principalmente de óbitos, o portal da CNBB conversou com o bispo de Campos (RJ) e referencial da Pastoral da Saúde, dom Roberto Francisco Ferrería Paz. “Eu acredito que os números, claro, têm toda essa pedagogia da prevenção, mas eles começam a ter impacto quando a gente perde um familiar, quando é tocado na carne pela navalha da morte”, comentou o bispo.
Segundo dom Roberto, é importante ter compaixão e delicadeza para com os familiares que perderam seus entes queridos pela Covid-19. “Temos que mostrar que estamos com eles, que estamos acompanhando, porque o luto é difícil, sobretudo porque já começa com a dificuldade do enterro, que é marcado por uma série de questões razoáveis de distanciamento e que não deixa os familiares manifestarem o ritual da separação, o ritual de entregar nas mãos de Deus do querido familiar, então ficam muitos sentimentos contidos, não extravasados e a falta de solidariedade também visível, presente”, argumenta.
Com os maiores números de óbitos e casos confirmados da Covid-19 no Brasil, o Estado de São Paulo registra o total de 221.973 casos e 12.634 mortes. O Rio de Janeiro ocupa a segunda posição no ranking nacional da pandemia, com 97.572 casos e 8.933 óbitos até agora. Na sequência, estão os Estados do Ceará (94.158 casos e 5.604 óbitos), Pará (86.020 casos e 4.605 óbitos), Maranhão (70.689 casos e 1.760 óbitos), Amazonas (63.731 casos e 2.671 óbitos) e Pernambuco (52.494 casos e 4.252 óbitos).
Dom Ferrería comentou que, através da Pastoral da Esperança, tem recebido diariamente uma lista de pessoas que estão depressivas com as perdas; estão apreensivas em relação às cirurgias ou também em quarentena. “Eu ligo para elas, trato de escutá-las e trato de mostrar o que o Papa fala de dar “o abraço da esperança”. Sempre uma presença amiga é esperança e nos ajuda a compartilhar a dor”, salienta.
Ainda, de acordo com ele, esse não é o momento de pensar em coisas institucionais, operacionais, mas de ser presença amorosa, compassiva, de ternura com as pessoas que sofreram perdas. “É muito difícil, claro, estimar o quanto elas estão sofrendo, por isso temos que ser o bálsamo, temos que ser o rosto de Maria; Maria que repara, que enxuga as lágrimas, a nossa querida mãe. É o momento da maternidade espiritual e consoladora para quem perdeu um familiar. Vamos continuar mostrando o rosto de uma Igreja mãe, solidária e que enxuga as lágrimas de todas as pessoas e, em especial, dos pobres”, finalizou dom Roberto.
Fonte: CNBB
Foto de capa: Ulrike Mai/Pixabay