A missa do terceiro dia da 60ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, na noite de sexta-feira, 21, foi presidida pelo bispo emérito da diocese de Barra do Piraí-Volta Redonda (RJ) e presidente da Comissão Especial para os Bispos Eméritos da CNBB, dom Francisco Biasin, e concelebrada pelos demais bispos eméritos presentes na assembleia.
Em sua homilia, dom Francisco Biasin convocou toda a assembleia a praticar a justiça assim como Gamaliel, que era fariseu, mestre da lei e todo o povo o estimava (cf. At 5,34). Gamaliel era um fariseu que valorizava muito a tradição, o rigor e a lei e tornou-se um instrumento de Deus para libertar pessoas inocentes, baseando-se na justiça e sábia argumentação.
“Quanto ao que está acontecer do agora, dou-vos um conselho: não vos preocupeis com esses homens e deixai-os ir embora. Porque, se este projeto ou esta atividade é de origem humana será destruído. Mas, se vem de Deus, vós não conseguireis eliminá-los. Cuidado para não vos pordes em luta contra Deus!” (At 5,38-39).
Dom Francisco disse que é preciso “perseverar no amor, na prudência, nos valores cristãos, mesmo em tempo de crise sanitária, política, econômica e cultural”. Mas é necessário ficar em contínuo estado de alerta: “não permitamos que o humano entre em crise. Não podemos ‘nos colocar em luta contra Deus’, tampouco contra a Igreja e contra os irmãos e irmãs. Além de imitar Gamaliel, nas situações de paz e de conflito, precisamos, como Igreja viva, continuar a missão apostólica, com coragem e perseverança, custe o que custar”.
Ao referir-se aos bispos eméritos, dom Francisco lembrou que a “sabedoria não é um dom da idade, mas do Espírito Santo”. Contudo, continuou, “a idade, a experiência adquirida e a atitude de continua aprendizagem ajudam um ancião a adquirir uma maior sensibilidade para ser na igreja e no mundo um novo Gamaliel”.
“Trazemos na Eucaristia de hoje a vida e a presença dos irmãos bispos eméritos. Como Moisés no alto da montanha estamos com as mãos elevadas como intercessores diante de Deus pedindo energia e coragem para quem está na primeira linha de combate”.
Ao final, dom Francisco leu a oração escrita pelo bispo emérito de Zé Doca (MA), dom Carlo Ellena:
ORAÇÃO
Senhor, vem colocar algo de novo em mim, no lugar
de quanto, pouco a pouco, vem faltando com o passar dos anos.
Coloca em mim um Amor maior, uma simplicidade
serena, uma delicadeza mais profunda. No lugar do entusiasmo,
coloca em mim um sorriso de bondade para todos;
ajuda-me a compreender o meu próximo, a interessar-me
aos seus problemas e a nunca ser uma nuvem
escura que entristece, e sim uma luz discreta que alegra.
Faz com que a memória me conceda de lembrar as
coisas mais belas, bonitas e melhores que existem na
vida, para compartilhá-las com os outros e alegrar-me
da alegria deles.
Faz, Senhor, que a minha vontade se dobre amoravelmente
aos justos desejos dos que me arrodeiam; que
a minha fé, humildemente e discretamente, se irradie
pelo testemunho e nunca se apague.
Faz, Senhor, que a minha inteligência aceite com humildade
de perceber que está menos ativa, brilhante e
rápida: faz, porém, que sempre se aplique na procura
no conhecimento de Ti, para compreender melhor a
ida eterna que espero ardorosamente. Amém
+ Carlo Ellena na véspera de se tornar Bispo emérito de Zé Doca-MA
A Missa dedicada aos bispos eméritos tem sido, durante as assembleias gerais, uma forma de a CNBB manifestar o agradecimento para os pastores que por muito tempo estiveram à frente no serviço da Igreja e, chegando ao limite de idade, não possuem mais as funções ordinárias numa diocese. Recebe o nome de “emérito” o bispo que “perder o ofício por limite de idade ou por renúncia aceite”. O Direito Canônico estabele a idade de 75 anos para a apresentação do pedido de renúncia ao Papa. Atualmente, a Igreja Católica no Brasil tem 157 bispos eméritos.
Por Jaison Alves/CNBB Sul 4
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