Os cristãos de todo o mundo celebram no mês de setembro o Tempo da Criação. O momento é de pensar no cuidado com a Casa Comum, de refletir, fazer orações, e é celebrado do dia primeiro de setembro a quatro de outubro, dia de São Francisco. No dia primeiro de setembro, foi instituído o Dia da Criação.
Os brasileiros são convidados a viver este momento, instituído pelo Papa Francisco em 2016. Já neste domingo, que antecede o início do Tempo da Criação, todos devemos direcionar as intenções de nossas orações pelo cuidado com o Planeta.
Este ano, como nos anos anteriores, o Conselho das Conferências Episcopais (CCEE) com seu presidente, o cardeal Angelo Bagnasco, acolhe esta oportunidade e encoraja os membros das Igrejas a reconhecerem estes dias “como uma ocasião para celebrar a riqueza de nossa fé”, através da Declaração Conjunta por ocasião do Tempo da Criação 2020.
Tempo da Criação remonta às raízes da nossa fé
Na Declaração, os Presidentes das Igrejas Europeias lembram que o Tempo da Criação remonta às raízes da fé cristã. A “criação”, dizem, citando o Salmo 21, 1, “é um dom de Deus à humanidade e a todos os seres vivos; é, portanto, nossa responsabilidade cuidar dela como bons e fiéis administradores e servos de Deus”. E citando a Encíclica Laudato si’ do Papa Francisco, eles sublinham o “urgente desafio de proteger nossa casa comum e buscar um desenvolvimento sustentável e integral”. Da mesma forma, recordam de um dos maiores teólogos de nosso tempo, Juergen Moltmann, que afirmou que somente “um discernimento de Deus que está presente na criação através de seu Espírito Santo pode conduzir o homem e a mulher à reconciliação e à paz com a natureza”.
Por esta razão, os Presidentes das Igrejas na Europa apontam que a celebração do Dia da Criação e do Tempo da Criação têm uma dimensão ecumênica significativa. Assim como recordam com gratidão a proposta do falecido Patriarca Ecumênico Dimitrios I de 1989. Desde então, a celebração do Tempo da Criação e seu espírito ecumênico foram confirmados nas Assembleias Ecumênicas Europeias organizadas conjuntamente pela CCEE e a CEC, de Basiléia (1989) a Graz (1997) a Sibiu (2007).
Além disso, a Declaração afirma que a pandemia da Covid-19 deste ano revelou o quanto o mundo está profundamente interligado. Nos demos conta mais do que nunca que não estamos isolados um do outro e que as condições para a saúde e o bem-estar humano são frágeis. Os impactos da pandemia estão nos forçando a assumir a necessidade de vigilância e de condições de vida sustentáveis em toda a Terra. Isto é ainda mais importante considerando a devastação ambiental e a ameaça da mudança climática.
Por todas estas razões, os Presidentes das Igrejas da Europa convidam a celebrar neste ano o Tempo da Criação sob o título de “Jubileu pela Terra”. Pois, o conceito de Jubileu está enraizado na Bíblia e enfatiza que deve haver um equilíbrio justo e sustentável entre as realidades sociais, econômicas e ecológicas. A lição do jubileu bíblico nos mostra a necessidade de reequilibrar os sistemas de vida, afirma a necessidade de igualdade, justiça e sustentabilidade, afirma a necessidade de uma voz profética em defesa da casa do homem.
Por fim, o Documento convida todos os Pastores e cristãos europeus, as paróquias, as comunidades eclesiais e todas as pessoas de boa vontade, a acompanhar atentamente o Tempo da Criação e a vivê-lo com espírito ecumênico, unidos em oração e ação.
Fonte: CNBB