Após a explosão da noite terça-feira, as vítimas são mais de cento e cinco mil pessoas ficaram feridas6. Os hospitais estão em colapso. Solidariedade da parte do Cardeal Bechara Rai, Patriarca de Antioquia dos Maronitas, que pede um fundo da ONU para enfrentar a crise.
Michele Raviart, Silvonei José – Vatican News
O que resta de Beirute após as duas explosões do depósito de nitrato de amônio no porto da cidade é um cenário devastador. Além das mais de 130 pessoas mortas até o momento e mais de 5.000 feridas, grande parte do tecido urbano da capital libanesa foi destruído. Estima-se que até 300.000 pessoas ficaram sem abrigo devido ao colapso de casas, igrejas, hospitais, hotéis e prédios públicos.
“Uma cena de guerra sem guerra”, a definiu o cardeal Bechara Rai, Patriarca de Antioquia dos Maronitas, num apelo à solidariedade publicado nesta quarta-feira, no qual ele fala de uma cidade “ferida” e “devastada”. “Beirute nunca viu nada parecido antes, é uma cidade destruída, pessoas deitadas nas ruas, danos por toda parte”, foi o comentário do governador da capital, Marwan Abboud.
Enquanto se investigava as causas do que cada vez mais parece ter sido um trágico acidente, o ministro da Saúde aconselhou aqueles que permaneceram na cidade a deixar Beirute, pois os materiais liberados no ar são tóxicos e podem ter efeitos fatais a longo prazo. Os grãos armazenados nos armazéns portuários também são inutilizáveis. Mais de cem pessoas estão desaparecidas. Os hospitais estão em colapso, onde há falta de lugares e medicamentos, e a Cruz Vermelha Libanesa convidou as pessoas que sofreram lesões não letais a ficarem em casa e está trabalhando com as autoridades para encontrar lugares adequados para obitórios improvisados.
O primeiro-ministro libanês, Hassan Diab, pediu ajuda a todos os países do mundo para enfrentar a “catástrofe” e a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou a preparação de 23 toneladas de ajuda de seu depósito em Dubai. Israel anunciou que entrará em contato com a ONU para fornecer apoio médico e humanitário, deixando em aberto a possibilidade de utilizar seus hospitais. A disponibilidade foi oferecida também pela Turquia, Alemanha, França e China entre outros, enquanto as milícias do Hezbollah pedem a unidade entre todas as potências políticas do Líbano.
“Em nome da Igreja do Líbano, agradeço a todos os Estados que expressaram sua vontade de ajudar Beirute”, escreveu o cardeal Bechara Rai, que também se dirige “aos outros países irmãos e amigos, aos grandes Estados, assim como às Nações Unidas”, para mobilizar e prestar ajuda à cidade, “sem qualquer consideração política, porque o que aconteceu vai além da política e do conflito”. O pedido do Patriarca é de criar um fundo sob controle da ONU para administrar a ajuda. A Igreja local, escreve novamente o cardeal, está “completamente solidária com as famílias das vítimas, dos feridos e dos deslocados, que está pronta para acolher”, mas “se encontra hoje diante de uma nova grande tarefa, que é incapaz de realizar sozinha”. A solidariedade com todos os cidadãos do Líbano “neste momento difícil” também foi expressa pela Assembléia dos Ordinários Católicos da Terra Santa. “Elevamos nossas orações”, diz uma declaração, “pelas almas dos mortos e pela cura dos feridos e rezamos pela estabilidade e prosperidade do Líbano”.