Andrea De Angelis, Silvonei José – Cidade do Vaticano
O seu martírio é descrito nos Atos dos Apóstolos. Ocorreu por apedrejamento no ano 36. Santo Estêvão Protomártir, isto é, o primeiro dos mártires cristãos da história. Assassinado porque testemunhou a sua fé em Cristo, espalhou o Evangelho, converteu pessoas. O culto a Santo Estêvão está presente em todo o mundo, só na Itália existem mais de uma centena de municípios dos quais ele é o Santo padroeiro. Mas também hoje existe o martírio dos cristãos. Mulheres e homens que pagam com a vida o seu amor a Jesus, a escolha de professar a religião cristã. Ontem como hoje, é importante acender os refletores sobre essas perseguições, que assumem várias formas: violência, estigma, vandalismo, intolerância, exclusão. Segundo a World Watch List 2019 da Open Doors/Portas Abertas, o relatório anual sobre a liberdade religiosa dos cristãos no mundo, há cerca de 245 milhões de cristãos perseguidos no mundo. A WWList2019 cobre um período de 12 meses, de novembro de 2017 a outubro de 2018. No dia 18 de janeiro, a associação publicará o novo Relatório.
Presente em mais de 60 países, a organização também oferece formação e assistência aos cristãos que sofrem por causa de sua fé. Em entrevista à Radio Vaticano-Vatican News, Cristian Nani, diretor na Itália de Portas Abertas, antecipa como no ano que está chegando ao fim a perseguição dos fiéis cristãos aumentou em extensão, número e intensidade. “Precisamos falar sobre isso, fazer as pessoas refletirem porque hoje – afirma -, milhares de pessoas morrem por causa da sua fé, não na guerra, em situações de conflito, mas – insiste Nani -, somente por uma profissão de fé”. Assim, depois de ter analisado a situação dos cristãos na Líbia e no Iêmen, ele retorna ao que o Papa Francisco, numa recente Audiência geral, chamou de “cristãos perseguidos com luvas de pelica”, com particular referência à Europa. “Intolerância e vandalismo são – diz Nani -, dois sinais de alarme a serem levados a sério”.
“Hoje, no mundo, na Europa muitos são os cristãos perseguidos e dão as suas vidas pela sua fé. Eles são perseguidos também com luvas de pelica, deixados de lado, marginalizados”. As palavras pronunciadas pelo Papa na Audiência geral do último dia 11 de dezembro, fazem com que as atenções se voltem para outro tipo de perseguição dos fiéis. Feita de intolerância, vandalismo, resultado de um secularismo que – disse então Francisco no seu discurso à Cúria na semana passada -, nos faz compreender como “já não estamos num regime de cristianismo porque a fé”, em grande parte do Ocidente “já não constitui um pré-requisito óbvio do viver comum”. O Santo Padre já tinha falado de “martírio com luvas de pelica” no dia 30 de junho de 2014, na Missa celebrada na Casa Santa Marta.
Entre as muitas iniciativas programadas no mundo para a festa litúrgica de Santo Estêvão, está também a da Conferência Episcopal Alemã que celebra o “Dia de Oração pelos cristãos perseguidos e oprimidos”. As liturgias recordarão os irmãos e irmãs de fé que são vítimas de exclusão e opressão em muitos lugares do mundo. Esta iniciativa pretende também expressar o compromisso da Igreja alemã com a liberdade religiosa de todas as pessoas. O dia de oração de 26 de dezembro faz parte da iniciativa “Solidariedade para com os cristãos perseguidos e oprimidos no nosso tempo”, com a qual os bispos pretendem sensibilizar os fiéis para a discriminação e a violência que os cristãos ainda hoje sofrem em muitas partes do mundo.
Fonte: Vatican News