Na manhã desta sexta-feira, 26, foi encerrado o 33º Curso para os Bispos do Brasil, organizado pela Arquidiocese do Rio de Janeiro. Desde o dia 22, quase 100 bispos do Brasil inteiro estiveram reunidos no Centro de Estudos do Sumaré para refletir sobre o tema proposto neste ano, Antropologia integral e a crise da cultura atual: reflexões, consequências e encaminhamentos.
No início da manhã desta sexta-feira (26) os bispos concelebraram a Santa Missa presidida pelo Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro, D. Orani Tempesta, que em sua homilia ressaltou que “a grande preocupação que nós tivemos durante esses dias, de estudar sobre a antropologia integral, é que esse trabalho de evangelizar supõe esse conhecimento da realidade onde nós pisamos, onde nós estamos, para ver realmente quais são as questões e iluminar as pessoas com a palavra do Senhor para que encontrem em Jesus Cristo a vida.”
A conclusão dos estudos se deu com duas conferências. Na primeira, o presidente da Pontifícia Academia de Teologia, D. Ignazio Sanna, dando continuidade a sua fala anterior, abordou o tema A identidade aberta: o cristão e a questão antropológica. O arcebispo destacou a emergência da questão antropológica, que interessa à essência mesma da identidade humana, e indicou alguns fenômenos que condicionam em nossa época o processo de formação da identidade humana, como a globalização, a revolução biotecnológica e a inteligência artificial. “O cristão”, disse D. Sanna, “não pode deixar de se perguntar até que ponto a pesquisa científica que leva a uma nova cultura está autorizada a violar os limites da natureza humana, ignorando o princípio fundamental de que, se tudo é permitido para o uso da ciência pelo homem, nem tudo é permitido para o uso do homem pela ciência.”
A segunda conferência, do Pe. Antônio Spadaro, trabalhando Os desafios da comunicação para a antropologia, propôs uma pergunta: é suficiente multiplicar as conexões para aprofundar o entendimento mútuo entre as pessoas, um relacionamento autêntico? Pe. Spadaro aponta para a resposta do magistério do Papa Francisco: essa comunicação global não é suficiente para superar as divisões. Pelo contrário: o mundo, hoje unido por redes, vive o paradoxo de estar dividido.
“O desenvolvimento tecnológico, se bem entendido, consegue expressar uma forma de desejo de ‘transcendência’ com relação à condição humana como ela é vivenciada atualmente”, destacou o jesuíta, que é subsecretário nomeado do Dicastério para a Cultura e a Educação. “E isso também deve ser dito sobre o ‘ciberespaço’, sobre a Internet. A rapidez de suas conexões representa muito bem o desejo do homem por uma plenitude de relacionamentos, de conhecimento, de comunhão que sempre o ultrapassa. Em resumo: a tecnologia tem uma vocação espiritual.”
Após um momento de diálogo com os palestrantes, o Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro, D. Orani Tempesta, encerrou o 33º Curso para os bispos agradecendo a participação dos quase 100 membros do episcopado brasileiro que estiveram nesta semana no Centro de Estudos do Sumaré, exortando a que a meditação dos temas propostos possa se converter em belas iniciativas pastorais nas várias dioceses. O Cardeal também indicou que já esta em processo a escolha do tema do curso no próximo ano, que deve acontecer de 27 a 31 de janeiro de 2025. A análise dos dados religiosos trazidos pelo último censo, os 1700 do Concílio de Niceia e o Jubileu ordinário são alguns dos temas que podem permear o próximo encontro.
Vatican News