“As maiores riquezas de nossos povos são a fé no Deus amor e a tradição católica na vida e na cultura. Manifesta-se na fé madura de muitos batizados e na piedade popular que expressa “o amor a Cristo sofredor, o Deus da compaixão, do perdão e da reconciliação(…), o amor ao Senhor presente na Eucaristia (…)”, destaca um dos trechos da introdução do Documento de Aparecida – fruto mais expressivo da V Conferência do Episcopado Latino-Americano e Caribenho, ocorrida entre 13 a 31 de maio de 2007.
E é justamente essa rica e profunda religiosidade popular que movimenta festas cristãs tão tradicionais e carregadas de muita devoção como a quase bicentenária festa do Divino Pai Eterno, o segundo maior evento religioso do Brasil, que atrai milhões de romeiros durante os 10 dias de devoção, no coração do Brasil, na cidade de Trindade em Goiás, onde está construído o Santuário do Pai Eterno.
O encerramento da festa se dará no próximo domingo, 2 de julho, com procissão e missa presidida pelo arcebispo de Goiânia (GO) e primeiro vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom João Justino de Medeiros Silva.
A missa será transmitida ao vivo pela TV Pai Eterno, TV Aparecida, Rede Vida, Rádio Difusora e Rede Aparecida de Rádios.
“Mais uma vez a Romaria ao Santuário do Divino Pai Eterno atrai multidões à Trindade. Como filhos e filhas, os romeiros se dirigem à casa do Pai com os corações repletos de gratidão e de súplicas. O Pai Eterno nos chama e nos envia”, disse.
Com o tema: “O Pai Eterno nos chama e envia”, a festividade que teve início dia 23 de junho é um momento de expressar a fé na Trindade. A Festa do Divino Pai Eterno é sempre no primeiro domingo do mês de julho de cada ano, ou seja, este ano 2 de julho.
Durante os nove dias que o antecedem são celebradas missas e novenas; ocorrem encontros de jovens; acolhimento aos carreiros do Divino Pai Eterno (procissão dos carros de boi), foliões, tropeiros, e outros devotos.
De acordo com a Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), a tradição mais conhecida é a caminhada pela Rodovia dos Romeiros (GO-060), quando muitos devotos percorrem, a pé, o trajeto entre os municípios de Goiânia e Trindade, chegando até o Santuário Basílica (aproximadamente 18 km), como forma de pagar promessas, pedir graças e agradecer bênçãos alcançadas. Os peregrinos também partem de outras cidades e estados.
“Em seu Santuário, o Divino Pai Eterno nos dirige sua palavra e nos envia para regressarmos aos nossos lugares de origem quais lugares onde cada um deve dar testemunho do amor curador do Pai”, destaca dom João Justino.
A piedade popular é “imprescindível ponto de partida para conseguir que a fé do povo amadureça e se faça fecunda”, aponta o Documento de Aparecida citando o número 64 do Diretório sobre a piedade popular e a Liturgia da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.
O documento nos revela ainda que entre as expressões dessa espiritualidade contam-se: as festas patronais, as novenas, os rosários e via-sacras, as procissões e etc. Destaca-se ainda as peregrinações onde é possível reconhecer o Povo de Deus a caminho.
“A decisão de caminhar em direção ao santuário já é uma confissão de fé, o caminhar é um verdadeiro canto de esperança e a chegada é um encontro de amor. O olhar do peregrinos e deposita sobre uma imagem que simboliza a ternura e a proximidade de Deus”, aponta o Documento de Aparecida.
Segundo a Afipe, no período festivo são realizadas cerca de 100 missas e mais de 46 novenas, além de procissões, batizados, vigílias, alvoradas e confissões. A Romaria de Trindade, hoje, é considerada o maior evento religioso do Centro-Oeste, segundo do Brasil e a maior Festa do mundo dedicada ao Divino Pai Eterno.
Com mais de 180 anos, a devoção ao Divino Pai Eterno, em Trindade, teve início por volta de 1840. A história narra que o casal Constantino e Ana Rosa Xavier encontrou, enquanto trabalhava na lavoura, um Medalhão de barro de aproximadamente 8 cm com a estampa da Santíssima Trindade – Pai, Filho e o Espírito Santo – coroando Nossa Senhora.
Eles beijaram a imagem, levaram-na para casa e a colocaram em um altar. Com isso, deram início à oração do terço em família e depois também com os vizinhos. A notícia rapidamente se espalhou, juntamente com uma sucessão de milagres.
Segundo a tradição, após algum tempo, Constantino Xavier dirigiu-se a Pirenópolis (GO), a mais de 120 km de distância de Trindade, para restaurar o Medalhão encontrado. No entanto, ao invés disso, o artista plástico Veiga Valle fez uma imagem, em madeira, de aproximadamente 30 cm. Sem dinheiro para pagar pelo objeto sagrado, Constantino deixou o próprio cavalo em troca da imagem e voltou a pé para Trindade, tornando-se, assim, o primeiro romeiro. Ele foi recebido em festa por todos da cidade e, naquele momento, surgiu também o motivo da tradicional peregrinação ao Santuário.
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Fonte e fotos da Afipe
CNBB